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A História do Alfa Romeo Clube do Brasil

A exemplo do que ocorreu em dezenas de locais ao redor do mundo, o fascínio exercido pelos automóveis da tradicional marca italiana Alfa Romeo inspirou, também aqui no Brasil, a formação de um clube de aficionados, o “Alfa Romeo Clube do Brasil”.

O nome Alfa Romeo (*)

A tradição esportiva e o carisma da marca Alfa Romeo dispensam maiores comentários. Da mesma forma, as inovações tecnológicas, assim como a beleza e a personalidade de suas linhas, estiveram presentes ao longo de toda a história evolutiva dos automóveis da fábrica de Milão.

Vale registrar a origem do nome Alfa Romeo. Em 1907, o fabricante dos automóveis franceses Darracq resolveu criar uma filial italiana, vindo a construir uma fábrica na cidade de Milão, a “Società Italiana Automobili Darracq”. A experiência, contudo, não foi bem sucedida, e já em 1909 a Sociedade Darracq foi dissolvida e a seguir reconstituída com capitais italianos, com a nova razão social “Società Anonima Lombarda Fabbrica Automobili”, cujas quatro últimas iniciais formavam o nome ALFA. A fundação desta nova sociedade data de 24 de Junho de 1910. O nome ROMEO somente viria a agregar-se à marca bem mais tarde, após a aquisição da fábrica ALFA pelo engenheiro Nicola Romeo. Apenas no início da década de vinte, após o término da primeira grande guerra, foram lançados os primeiros carros levando efetivamente o nome completo “ALFA ROMEO”.

(*) FONTE: Artigos publicados no BOLETIM INFORMATIVO do Alfa Romeo Clube do Brasil, colaboração de Alberto M. Caló.

A presença da marca no Brasil (*)

A presença da marca no Brasil registra-se a partir desta mesma época. A “Primeira Exposição de Automobilismo”, realizada no Palácio das Indústrias de São Paulo, em Outubro de 1923, já contava com um “stand” de automóveis Alfa Romeo. Era o “stand” número 3 do Salão “C”, do importador Ernesto Gattai e Cia., diante do qual, segundo reportagem da época, “… grupos de italianos do Brás e do Bom Retiro gesticulavam e falavam alto, não conseguindo conter seu entusiasmo diante de um modelo Alfa Romeo…”.

A tradição dos sucessos esportivos da marca, no Brasil, inicia-se em 1933, quando Manoel de Teffé vence o primeiro “Grande Prêmio Cidade do Rio de Janeiro”, disputado no Circuito da Gávea. O êxito dos Alfa Romeo prossegue nos anos seguintes, com destaque especial para a participação na quinta edição do “Grande Prêmio Cidade do Rio de Janeiro”, disputado em 1937 e considerado o mais importante daquela fase, por contar com a participação das principais equipes europeias da época. Os carros da Alfa Romeo corriam através da “Scuderia Ferrari”, dirigida pelo seu diretor esportivo da época, Enzo Ferrari, que mais tarde viria a se tornar o mais famoso construtor de carros de corrida de todos os tempos. Para aquele Grande Prêmio de 1937, Ferrari escalou os corredores Carlo Pintacuda e Antonio Brívio, este último vencedor da “Mille Miglia” do ano anterior. A Auto Union alemã participava com seu principal piloto, Hans Von Stuck. O quadro de participantes era completado com mais nove Alfas, cinco Bugattis, dois Fiats, entre os quais o de Chico Landi, além de outros. A corrida foi disputada em 25 voltas, das quais Pintacuda liderou 22 e Stuck 3 voltas. Ao final da prova, a diferença entre o Alfa Romeo vermelho da Scuderia Ferrari e o Auto Union prateado foi de apenas 8 segundos, com vitória espetacular de Pintacuda, Hans Stuck chegando em segundo e Brívio em terceiro lugar.

Trechos extraídos do jornal “A Gazeta”, de 7 de Junho de 1937, trazem um testemunho ímpar do entusiasmo provocado por esta brilhante vitória da Alfa Romeo (fotocópia gentilmente cedida pelo Dr. Edgard Berlinck Penteado):

– “O duplo triumpho italiano na Gávea”
– “A corrida que fascinou o Brasil inteiro”
– “Pintacuda, soberbo volante da Alfa Romeo, bate num duello impressionante de princípio a fim, o grande rival Von Stuck com Auto Union, e vence a corrida em 3h 22’ 1’’!”
– “Os derradeiros minutos de lucta … última volta: ‘Pinta’ arranca empolgantemente e todos estão preparados para aplaudi-lo … o valente Alfa Romeo ganha distância com alta velocidade. Stuck ataca-o extraordinariamente. ‘Pinta’ resiste e mantém a vantagem: faz o último e derradeiro esforço e supera a média, com 8 segundos de vantagem sobre Stuck, que chega em segundo lugar!”
– “A apotheose

… As aclamações sobem às nuvens! O volante italiano é sepultado em abraços! Os mecânicos não mais se contêm e o carregam em triumpho! A apotheose é impressionante. Verdadeira consagração popular tem o piloto da Alfa Romeo. Indescriptíveis as scenas finaes! O Sr. Getúlio Vargas cumprimenta Pintacuda e Stuck, enquanto Brívio entra em 3º lugar. Os rádios lançam appelos para o público; pede-lhe para que não invada a pista …”

O relato de “A Gazeta” traduz bem a importância dada àquela prova, certamente um dos mais empolgantes triunfos da Alfa Romeo no Brasil. A Alfa venceu ainda as quatro corridas subseqüentes, disputadas no Circuito da Gávea, sendo uma com o próprio Pintacuda e as três seguintes com Chico Landi.

Graças ao sucesso obtido nas pistas, os automóveis da Alfa Romeo ganharam renome no Brasil, e eram importados com regularidade, até meados da década de 50.

A partir de 1951 a Alfa Romeo volta a marcar sua presença no Brasil, desta vez através da Fábrica Nacional de Motores, pioneira da indústria automobilística nacional, que naquele ano inicia a fabricação de caminhões pesados sob licença Alfa Romeo, os robustos FNM, logo carinhosamente apelidados de “Fenemê”.

Em 1960, a Fábrica Nacional de Motores lança o automóvel FNM-2000, modelo JK, denominação dada em homenagem ao presidente Juscelino Kubitscheck, grande incentivador da indústria automobilística brasileira. Trata-se do modelo italiano Berlina 2000 da Alfa Romeo, apresentado com sucesso no São de Turim de 1957, e que aqui passa a ser fabricado sob licença. Era um carro de luxo com características esportivas, dentro da melhor tradição Alfa-Romeo, e que já naquela época contava com um motor de duplo comando de válvulas no cabeçote, sistema de freios com tambores de alumínio ventilados, câmbio de cinco marchas sincronizadas, conta-giros no painel, pneus radiais, além de outras tantas inovações tecnológicas, que lhe conferiam um desempenho notável, nitidamente superior ao dos demais concorrentes da época. O design era do estúdio Pininfarina…

O JK logo foi levado às pistas, com sucesso imediato nas provas de longa duração. No primeiro ano de sua participação nas corridas, 1960, venceu as “24 HORAS DE INTERLAGOS”, com Álvaro Varanda e Ailton Varanda (um anúncio da FNM lembrava: “3 JK inscritos…, 3 primeiros lugares!). Ainda no mesmo ano, acontece a vitória na mais importante prova automobilística da época, a “Vª Mil Milhas Brasileiras”, através de um JK pilotado por Christian Heins e Chico Landi, que então interrompiam uma série de quatro vitórias consecutivas das famosas “carreteras”.

Em 1964, após a revolução, o FNM 2000 perdeu oficialmente sua denominação “JK”, embora até hoje os modelos posteriores ainda sejam conhecidos por este nome.

Em 1968 o controle acionário da FNM foi assumido pela própria Alfa Romeo italiana. O modelo FNM 2000 evoluiu para o FNM 2150, que foi produzido até 1972.

Paralelamente começava o desenvolvimento de um novo carro, lançado em março de 1974, o Alfa Romeo 2300. Suas linhas eram inspiradas na Alfetta italiana, porém com dimensões maiores. A exemplo do JK, o Alfa Romeo 2300 vinha com câmbio de cinco marchas e motor com duplo comando de válvulas no cabeçote. Foi o primeiro carro nacional a contar com freios a disco nas quatro rodas. O Alfa Romeo 2300 permaneceu em fabricação, com pequenas alterações, até 1986, quando teve a sua produção suspensa pela FIAT, que já em 1978 havia assumido o controle da FNM.

De 1960 até 1986 foram produzidos ao todo 36.696 automóveis Alfa Romeo nacionais, sendo 4.331 FNM 2000 JK, 3.074 FNM 2150 e 29.564 Alfa Romeo 2300.

O êxito dos primeiros anos de participação dos JK nas corridas foi declinando após a retirada oficial da FNM das pistas, ficando sua participação restrita à iniciativa de algumas dedicadas equipes particulares. De meados da década de 60 até os primeiros anos da década de 70 novos sucessos esportivos da marca Alfa Romeo ocorrem, agora por conta de Alfas importados trazidos pela equipe Jolly-Gancia. Pilotos como Emílio Zambello, Francisco Lameirão, Abílio e Alcides Diniz condeuzam à vitória carros Alfa Romeo Giulia TI Super e Alfa Romeo GTA, entre outros. A “Xª Mil Milhas Brasileiras”, disputada em 1970, tem como vencedores os irmão Abílio e Alcides Diniz, correndo com Alfa Romeo GTA.

Datam desta época muitas das relíquias hoje em posse dos associados do Alfa Romeo Clube do Brasil, trazidas até 1974, enquanto as importações estiveram liberadas.

Após esse período, somente a partir de 1990 voltamos a ter Alfas importados no Brasil, quando a Fiat passou a trazer da Itália o Alfa Romeo 164, igualmente desenhado pelo estúdio Pininfarina.

(*) FONTE: Artigos publicados no BOLETIM INFORMATIVO do Alfa Romeo Clube do Brasil, colaboração de Alberto M. Caló.

A Origem do Clube

Pode-se afirmar que o Alfa Romeo Clube do Brasil nasceu em torno de duas grandes paixões: A paixão pelos automóveis Alfa Romeo e a paixão pelas corridas. O Clube foi idealizado por um pequeno grupo de aficionados, que em fins de 1987 participava com Alfas dos torneios de carros antigos então realizados pela APCAH (Associação de Pilotos de Carros Antigos e Históricos).

Em função do reduzido número de Alfas então presentes nos “grids”, foi nascendo o desejo de se congregar um maior número de admiradores de carros da marca, que tanto pudessem aumentar o número de participantes nas corridas, em igualdade de condições, como ainda, e principalmente, compartilhar do objetivo maior de um congraçamento em torno da efetiva utilização, preservação e divulgação dos automóveis da marca Alfa Romeo.

Para dar início ao clube, foi publicado um anúncio informando sobre a sua criação, chamando os simpatizantes para participar. A resposta foi imediata, e logo foram cadastrados perto de 30 sócios. Outros tantos juntaram-se mais tarde àqueles sócios de primeira hora, totalizando hoje cerca de 60 entusiasmados “alfamobilistas”.

O Clube foi assim criado, de maneira ainda informal, em janeiro de 1988. Posteriormente, em 1990, foi providenciada a sua oficialização, inclusive o registro dos seus estatutos em Cartório. Foi feita também a apresentação do clube e o seu registro oficial junto ao Centro Histórico da Alfa Romeo de Milão, passando desde então a figurar no cadastro e na relação dos Alfa Romeo Clubes do mundo inteiro.

Os carros do clube

Podem ser sócios do Alfa Romeo Clube do Brasil os proprietários e entusiastas de automóveis Alfa Romeo italianos de qualquer modelo ou ano de fabricação, e os proprietários dos automóveis fabricados sob licença Alfa Romeo pela hoje extinta Fábrica Nacional de Motores, compreendendo os tipos FNM 2000 modelo JK, FNM TIMB (“Turismo Internacional Modelo Brasileiro”), FNM 2150 e os esportivos derivados.

Prevalece contudo o caráter antigo mobilista do clube, predominando os carros importados até o ano de 1974 e as diversas variantes do modelo JK nacional.

Entre outros, o clube conta hoje com carros Alfa Romeo dos seguintes modelos:

– Giulietta Sprint
– Giulietta Spider
– 2600 Spider
– Giulia Super
– Duetto Junior 1300
– GTA
– GTA Junior
– GTC
– Protótipo T 33/3
– 2000 GT Veloce (GTV)
– 2000 Spider Veloce
– 1750 Berlina
– 2000 Berlina
– Montreal
– Alfetta 1.8
– FNM 2000 JK
– FNM 2150
– FNM 2000 TIMB
– Fúria GT

Alguns dos carros do clube encontram-se em perfeito estado de conservação, praticamente “zero quilômetro”. Já outros foram impecavelmente restaurados. Outros ainda, encontram-se em alguma fase intermediária de um prolongado processo de recuperação. Todos, indistintamente, são motivo de orgulho e dedicação por parte de seus zelosos proprietários…

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